Atualizado em 30/11/2020
- Não sou veterinário.
- Todo o material aqui mencionado tem caráter meramente informativo. Questões de natureza médica devem ser avaliadas por um médico veterinário devidamente treinado e com conhecimentos específicos sobre furões.
- As fontes são conhecidas e tidas como confiáveis. Estão listadas no final da postagem.
- Não execute tratamentos por conta própria !
O que é ?
É uma das três doenças principais que um furão pode adquirir. É um tema muito extenso para ser discutido aqui, mas se notar queda de pelos, principalmente na cauda, é um forte indício desta doença, que é tratável. É muito importante começar a tratar no início, pois o tratamento tardio comprometerá muito a qualidade de vida.
É um tipo de tumor que afeta as glândulas adrenais (glândula supra renal ou AD renal), que são responsáveis pela produção de vários hormônios que controlam o balanço de potássio e sódio, os que controlam a absorção e metabolização de nutrientes, controle de inflamações e hormonios sexuais como estrogenio e progesterona.
Esses hormonios tem interações complexas com outros órgãos que por sua vez secretam outros hormônios. Resumindo, as glândulas supra renais controlam indiretamente os níveis de açúcar e outros eletrólitos no sangue, pressão arterial e batimentos cardíacos, além da adrenalina, dopamina e nor-adrenalina e outras coisas mais.
É uma doença sistêmica, que afeta o corpo todo e que deve ser tratada sempre e por toda a vida !
As glândulas foram danificadas por algum fator como:
- Câncer
- Fatores genéticos
- Uso excessivo de alguns tipos de medicamentos com base em hormônios e anti-inflamatórios para tratamento de alguns tipos de doenças.
- Produção excessiva de cortisol
- Excessiva exposição a luz (fotoperíodos), ou seja, poucos períodos de escuridão total resultando em baixa produção de melatonina (1)
- Excessiva produção do hormônio LH, que causa super estimulação das glândulas adrenais.
- Castração/esterelização antes da idade adequada (indícios, mas não fato 100% confirmado) (2)
(1) – Caso dos fotoperíodos: Suspeita-se que furões mantidos em ambiente interno com luz artificial perdem a capacidade de sincronizar seu relógio biológico com as estações do ano, produzindo então certos hormônios que seriam gerados mais no verão do que no inverno, pelo ano todo, levando a um stress das supra-renais. Falando de uma forma mais simples, o período de reprodução geralmente é na primavera (até meados do verão as vezes) e como a diferença da duração do dia/noite é basicamente o que regula o relógio biológico, a exposição excessiva à luz artificial desregularia o relógio fazendo com que o mesmo “ache” que é primavera ou verão. Isso é mais evidente ainda em países tropicais onde a diferença de duração entre o dia e a noite quando inverno ou verão é bem menos acentuada do que nos países em maiores latitudes.
Furões produzem melatonina naturalmente durante os períodos que não é seguro ter filhotes (inverno e outono). Isso inibe a produção de hormônios sexuais mas não atrofia a glândula.
Uma maneira de atenuar um pouco o problema é fornecer ao seu furão um local absolutamente escuro para ele poder dormir.
(2) Caso da castração muito cedo: Esse é um tópico sujeito a ampla discussão, e lamento, mas a culpa disso é de responsabilidade única dos compradores de furões que sempre exigem animais cada vez mais novinhos. Pessoalmente acho uma crueldade separar um filhote de poucas semanas da mãe, mas é isso que as pessoas querem. Logicamente os criadores atendem a demanda e ao separarem os filhotes em tenra idade, não tem opção a não ser castra-los. Se as pessoas se contentassem em comprar furões de 8 a 12 semanas em vez de 2 a 4 semanas esse problema não existiria.
Nesse estudo, o que se fez foi relacionar o número de casos de doença adrenal e insulinoma com o número de furões castrados muito cedo, mas o problema na verdade pode ser outro. Talvez as matrizes originais tivessem alguma deficiência genética que favoreça o aparecimento dessas doenças, mas isso nunca foi provado e merece mais investigação.
Principais sintomas:
- Perda de pelo, principalmente na cauda
- Dor abdominal
- Urinação frequente / Problemas urinários
- Secreção pelos órgão reprodutivos
- Cistos no trato genital
- Órgãos genitais inchados
- Agressividade não usual contra outros furões
- Desordens sanguíneas
- Tumores nas glandulas adenais.
- Anemia
- Hipoglicemia
- Aumento de potássio no sangue
- Tremores
- Letargia
- Arritmia cardíaca
- Desidratação
- Perda muscular
- Úlceras gástricas
- Perda de densidade óssea
Todas essas condições diminuem a qualidade de vida. Essa doença PRECISA ser tratada e controlada, pelo bem estar do seu amigo.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é feito pelo veterinário, por meio de exames específicos para diagnosticar corretamente o problema, pois outras doenças podem causar sintomas similares, como por exemplo, o linfoma, infecções do trato urinário e cistites.
Exames de raios-X podem ser necessários para detectar tumores, cistos e aumentos do baço e do fígado.
Normalmente o tratamento é cirúrgico e/ou hormonal. Muitas vezes a doença tem remissão.
O tratamento cirúrgico consiste na remoção da glândula afetada, sendo que a remoção da glândula direita é mais complicada do que a da esquerda. Em certos casos há necessidade de remoção de ambas as glândulas.
O tratamento hormonal é feito com implantes de acetato de desloreina e pode em boa parte dos casos resolver o problema, mas pode demorar alguns meses para fazer efeito. As vezes faz-se o uso de implantes sub cutâneos ou aplicação oral de melatonina (1mg/dia em horário específico), associados a outras drogas como Lupron ou Flutamida.
Em alguns casos é comum a ocorrência concomitante de insulinoma e linfoma.
Links em inglês com tudo que você precisa saber: