Prólogo: Notem que todas as informações aqui citadas tem as suas fontes mencionadas, especialmente o NCBI. Portanto, não se trata de um “achismo”, embora como todas as informações divulgadas neste blog, seja de caráter meramente informativo.
A saber: Furões detestam lugares sujos ou com odor de dejetos.
Para o bem-estar do seu furão, e também para reduzir o mau cheiro, as gaiolas e todos os utensílios devem ser higienizados regularmente, tendo especial atenção com as redes, cobertores e outros objetos feitos em tecido, pois acumulam uma enorme quantidade de contaminantes, como fungos, ácaros, bactérias e vírus.
Mas como fazer isso de maneira segura para os furões (e outros animais também!) ?
A regra principal:
- Trocar pelo menos 2 vezes por semana os objetos de tecido, seja microfibra ou o que for, e substituir por outros limpos.
- Os dejetos devem ser removidos SEMPRE que aparecerem, e os meios de absorção ou coleta devem ser igualmente higienizados.
- As vasilhas com alimentos devem ser lavadas e trocadas TODAS as vezes que forem cheias.
- O mesmo vale para os bebedouros ou recipientes de água. Água parada é sempre um meio para a proliferação de bactérias.
Quanto aos produtos de limpeza:
Minha recomendação (e também de vários shelters que conheço nos EUA) é de desinfetar os utensílios plásticos e a própria gaiola com uma solução a 10% de hipoclorito de sódio comercial em água (1 parte de “água sanitária” + 9 partes de água), aplicáveis com um pulverizador, deixar atuar por 10 min e depois simplesmente água com sabão de côco. Enxaguar BEM e secar. Fácil, barato e seguro SE usado da forma correta. Não pode ficar nenhum odor de cloro !
Nota:
A “água sanitária” no Brasil ou “lixivia” em Portugal, é definida como sendo uma solução entre 2 e 2.5% (peso/peso) de hipoclorito de sódio em água .
O recomendado pelas autoridades sanitárias (Anvisa, OMS, CDC) para a desinfecção do novo COVID-19 (e outros virus) é uma concentração de 1%. Esta solução a 1% é bastante ativa contra praticamente qualquer microorganismo, em um tempo de contato entre 1 e 2 minutos.
A solução proposta de 10% da solução comercial (que contém 2 a 2.5% de hipoclorito de sódio) , resulta em uma concentração de 0.2 a 0.25% da substância na solução final (1 parte de A.S. + 9 partes de água). A eficácia é mantida desde que o tempo de contato seja maior (eu diria algo em torno de 5 a 10 minutos, talvez menos) para matar praticamente todos os microorganismos.
Pode substituir a solução de hipoclorito por álcool a 70%, e depois mantendo a lavagem com água e sabão. Lembre que álcool a 70% é inflamável.
Note que eu disse diluir a água sanitária ! JAMAIS aplique pura !
Produtos a base de quaternários de amônio e clorexidina devem ser usados com cautela. Alguns quaternários podem ser bastante tóxicos e é necessário enxaguar completamente os resíduos, senão poderão causar problemas sérios ao animal.
NÃO USE TRICLOSAN, CLOREXIDINA OU QUATERNÁRIOS DE AMÔNIO PARA LAVAR OS RECIPENTES DE ÁGUA OU ALIMENTOS !
Álcool Etílico a 70% (Etanol 70% em água)
É uma opção para esterelizar os recipientes de comida e para o chão da gaiola. Minha recomendação é aplicar o produto com um pulverizador ou com um pano limpo. No caso dos recipientes de comida, laver com água e sabão ou detergente neutro depois, enxaguar bem e secar.
Tenha cuidado, pois o produto é inflamável e deve ser manipulado corretamente.
Clorexidina:
A clorexidina não é um grande problema por si, se usada na concentração correta em termos de toxidez, mas o problema em usar a clorexidina é que ela também é usada como antisséptico tópico para pequenos ferimentos e em tratamentos bucais.
A clorexidina é bastante ativa contra boa parte das bactérias gram-positivas e menos ativa contra as gram-negativas. Também age contra leveduras e alguns tipos de vírus envelopados (com cápsula lipídica) mas não todos. Não tem ação contra vírus não envelopados (portanto não tem atividade alguma contra os rotavirus e adenovirus por exemplo), ou seja: não é um desinfetante perfeito.
Se a clorexidina for usada abusivamente para desinfetar utensilios e objetos, as bactérias e fungos irão adquirir resistência ao composto, e na hora que for necessário usa-lo como antisséptico poderá não fazer efeito e até ajudar a criar cepas novas de super bactérias.
Outro problema associado ao mau uso da clorexidina é a sua oto-toxicidade: pode facilmente levar a surdez se entrar no ouvido e passar do tímpano. Outro efeito perigoso é que a inalação causa irritação severa das vias respiratórias.e a efeitos potencialmente fatais se inalada. Referencias (National Center for Biotechnology Information, USA) : Referências externas (1) (2) (3)
Triclosan (ou TCS)
O mesmo vale para produtos a base de triclosan. Esse composto é bactericida e fungicida, e é excelente para isso, mas não tem ação contra vírus.
Resíduos de Triclosan tem sido encontrados em lençóis freáticos, o que prova a contaminação do solo por este composto que entra na fórmula de vários sabonetes antibacterianos, que por sua vez podem alterar as bactérias fixadoras de nitrogênio no solo, alguns governos tem estudos abrangentes sobre a contaminação ambiental por este produto, que acaba sendo integrado à cadeia alimentar e posteriormente ingerido.
Moral da estória sobre clorexidina e triclosan: Não use agentes antibacterianos desnecessariamente para não colaborar com o desenvolvimento de novas cepas de bactérias resistentes a esses produtos. São ótimos produtos quando usados da forma e para a finalidade corretas.
Clorexidina não mata vírus não envelopados
Triclosan não mata nenhum tipo de vírus
Quaternários de amônio (QA):
Compõem um numero enorme de compostos, alguns relativamente pouco tóxicos até outros muito potentes e de uso restrito. São agentes surfactantes catiônicos classificados geralmente como biocidas. Todos tem algum grau de toxicidade.
Cloreto de cetilpiridinio . Bom bactericida e contra vírus encapsulados e inofensivo em baixas concentrações, porém essa substância é letal em ratos se ingerida uma quantidade equivalente a 200 mg/kg de peso e 400 mg/kg em coelhos. (Lewis, R.J (1996). Sax’s Dangerous Properties of Industrial Materials. 1–3 (9th ed.). New York, NY: Van Nostrand Reinhold. p. 691.)
Outro QA bem conhecido é o cloreto de benzalconio. É um ótimo bactericida (na verdade é um biocida), mas causa problemas para as células ciliadas do trato respiratório, impedindo seus movimentos (por isso é também usado como coadjuvante em cremes espermicidas). Vários produtos antissépticos tem este produto como componente principal ou associado a outros em sua fórmula. Mata vírus, fungos e bactérias.
- Pode causar asma se inalado (Malo, J; Chan-Yeung, M; Bernstein, D I (2013). Asthma in the Workplace (4, illustrated, revised ed.). CRC Press. p. 198. ISBN 978-1-842-14591-3.) .
- Problemas respiratórios (Beule, A. G. (2010). “Physiology and pathophysiology of respiratory mucosa of the nose and the paranasal sinuses”.
- Oto-toxicidade elevada GMS Current Topics in Otorhinolaryngology, Head and Neck Surgery. 9: Doc07. doi:10.3205/cto000071. PMC 3199822. PMID 22073111.
- Dose oral letal em ratos, 240mg/kg. Referencia: (4)
- Causa dermatites facilmente
O Lysoform na sua formulação atual (não é Lysol!), contém um mix de quaternários de amônio poderosos e pode ser usado como complemento na limpeza dos itens feitos em tecido, lavar normalmente com água e sabão (pode ser sabão em pó) e adicionar uma pequena quantidade do produto, mas depois tudo tem que ser muito bem enxaguado e verificado se restou algum cheiro do produto.
Já o Lysoform Spray tem como componente ativo o Ortofenilfenol (2-fenil fenol) é um agente bactericida e fumígeno (fungicida) e não recomendo o seu uso, pois todas as versões contém um perfume forte que demora muito a dissipar, e apesar do princípio ativo ser pouco tóxico pode causar irritação nos olhos e na pele.
A fórmula original do Lysoform bruto foi banida, pois era extremamente tóxica, sendo composta por uma solução de formaldeído (formol) em água na concentração de 37%. Lysoform Bruto antigo NÃO !
NOVAMENTE:
Após o uso de um desinfetante, seja qual for, o produto deve ser totalmente enxaguado e não deverá restar nenhum resíduo. Sempre lavar com água e sabão neutro, preferivelmente sem perfume após o processo, e então secar tudo muito bem. Locais úmidos são sempre foco de fungosm bactérias e outros patógenos.
Outras informações:
- Evite usar produtos com perfume forte, isso não fará bem ao seu amigo.
- Pessoalmente gosto mais da a solução de água sanitária 10:1 com água e lavar depois com água e sabão de côco, sempre enxaguando bem !